quarta-feira, 16 de março de 2011

A simplicidade e a clareza ao serviço da comunicação

Para o Design de Comunicação, um dos principais objectivos é tornar efetiva a comunicação, garantir a sua eficácia.
Pode existir muita informação, e até intervenientes do processo comunicativo (tradicionalmente identificados como emissores e recetores, segundo a Teoria Matemática da Comunicação, de Shannon & Weaver, da década de 30, séc. XX) muito envolvidos no processo e altamente motivados, contudo a garantia de que a informação é enviada com eficácia, não está automaticamente garantida.

A clareza de discurso, neste caso gráfico, é uma das principais razões (embora não seja a única) para que a eficácia da comunicação aconteça.
Visar a clareza implica decidir estratégias, estabelecida uma visão de simplicidade, hierarquia, diferenciação, entre outros aspetos que permitem alcançar a tão almejada meta.

Identificar problemas e proporcionar-lhe soluções simples e eficázes, não só garante a sua resolução, como cria um elevado sentimento de bem-estar nos intervenientes do processo (esta inclusivé é uma das questões presentes nos programas de Design de Interação).

Munari aplicava essa visão, que lhe parecia inata, em tudo o que o rodeava: do simples desenho da árvore, desmontando o problema em partes mais pequenas e resolvendo-as clara e estruturalmente, os problemas são ultrapassados, segundo as suas propostas de etapas e estratégias; aos problemas mais complexos. Da reutilização de objectos, à ilustração de livros para crianças, tudo parece resolver-se com simplicidade.
O aspeto do bem-estar, que pode também ser identificado como de um otimismo sempre presente, que impregnava nas suas reflexões, e prática,  é outra das valências fundamentais da sua contagiante obra, e acrecentaremos, motivo pela qual lhe é encontrada renovada frescura.

O seu legado, acima de tudo é a sua visão: a da simplicidade e otimismo na construção de um mundo melhor.








No caso do livro "desenhar uma  árvore", a simplicidade começa logo pela escolha do título e da variação tipográfica - minuscúlas, inclusivé a primeira letra. E todo o livro se baseia na estratégia de estruturar para compreender, compreender para representar. A árvore é explicada e compreendida nas suas partes, "de dentro para fora", tal como um corpo que primeiro possui uma estrutura óssea e depois as outras camadas. E a explicação é feita com base em estrurturas lógicas - que levem à sua compreenção - a clareza e síntese que permitem o entendimento.

Metodologia Projetual

Um dos aspetos fundamentais, na vasta obra de Bruno Munari, é a atenção dedicada ao Método. A sua identificação, descrição e estruturação de Metodologia Projectual, como elemento necessário ao desenvolvimento do Design, central e sem o qual não podemos referir-nos sequer à sua prática, tem sido continuamente demonstrado. Desse modo Munari continua a ser um autor revisitado. Não só pelo seu pioneirismo em relação à estruturação processual da prática criativa, e de resolução de problemas, identificada Design; como também pela sua visão refrescante e lúdica, de grande síntese e simplicidade, que aplicava aos problemas, conseguindo converter o mundo à sua volta num aliciante projecto de vida no qual desejamos participar.

De seguida apresentaremos um exmplo que pode ser tomado e extrapolado para outras situações, outros problemas, ajustando-se a informação ao contexto. Em termos de etapas e estratégias, a metodologia apresentada é um bom e eficáz paradigma de boas práticas de Design.

Metodologia Projetual - Exemplo do "Arroz Verde"

quarta-feira, 2 de março de 2011

The information machine

Filme
cliente: IBM
ano: 1958
tema: história sobre a invenção de máquinas que organizam e trabalham informação - "do cérebro ao computador"


"Applies graphic sensitivity to medium in cartoon form, and traces the history of storing and analyzing information from the days of the cavemen to today's age of electronic brains." Courtesy of Internet archive

Design Questions & Answers

Design Q&A
entrevista com Charles Eames em Paris, por ocasião da exposição
ano: 1972
tema: o que é o design?

No âmbito da exposição realizada em 1972, em Paris, com o título "Qu'est ce que c'est le design?", foi realizada um entrevista a Charles Eames.
O objectivo desta entrevista era clarificar alguns pontos-chave sobre o significado, funções, entre outros aspectos do Design. De caráter pedagógico esta entrevista que acompanha a exposição revela a visão do autor (designer), mas também de alguém que reflecte sobre a sua prática e, no sentido geral, sobre o significado da prática e objectivos da área em que esta se insere.
As suas respostas, evidenciam pouco o sentido da época em que se inseriu, sendo eminentemente intemporal (salvaguardando alguns aspectos).
Este objecto (entrevista) é, ainda hoje, um bom material de reflexão.




Transcrição das perguntas e respostas: "Design Q&A with Charles Eames"
From Mark Wunsch blog
http://markwunsch.com/blog/2008/09/27/design-q-a-with-charles-eames.html

"Not to long ago, my wife and I added “The Films of Charles and Ray Eames” to our Netflix“Design Q & A.” Questions by Mme. L. Amic. Answers by Charles Eames. On the occasion of the exhibition “Qu’est ce que le design?” (or What is Design?) at the Musée des Arts Décoratifs, Palais de Louvre. queue. We are admirers and we were curious if there had ever been a documentary or anything done on them. A simple search of “eames” turned up the six disc set. Apparently, not only are the husband and wife team some of the greatest contributors to furniture and industrial design in the 20th century, they were also prolific filmmakers. I wanted to share a transcript of one of their films with you. Charles Eames provides some incredible insight in
Q: “What is your definition of ‘Design,’ Monsieur Eames?

“One could describe Design as a plan for arranging elements to accomplish a particular purpose.”

Q: “Is Design an expression of art?”

“I would rather say it’s an expression of purpose. It may, if it is good enough, later be judged as art.”

Q: “Is Design a craft for industrial purposes?”

“No, but Design may be a solution to some industrial problems.”

Q: “What are the boundaries of Design?”

“What are the boundaries of problems?”

Q: “Is Design a discipline that concerns itself with only one part of the environment?”

“No.”

Q: “Is it a method of general expression?”

“No. It is a method of action.”

Q: “Is Design a creation of an individual?”

“No, because to be realistic, one must always recognize the influence of those that have gone before.”

Q: “Is Design a creation of a group?”

“Very often.”

Q: “Is there a Design ethic?”

“There are always Design constraints, and these often imply an ethic.”

Q: “Does Design imply the idea of products that are necessarily useful?”

“Yes, even though the use might be very subtle.”

Q: “Is it able to cooperate in the creation of works reserved solely for pleasure?”

“Who would say that pleasure is not useful?”

Q: “Ought form to derive from the analysis of function?”

“The great risk here is that the analysis may be incomplete.”

Q: “Can the computer substitute for the Designer?”

“Probably, in some special cases, but usually the computer is an aid to the Designer.”

Q: “Does Design imply industrial manufacture?”

“Not necessarily.”

Q: “Is Design used to modify an old object through new techniques?”

“This is one kind of Design problem.”

Q: “Is Design used to fit up an existing model so that it is more attractive?”

“One doesn’t usually think of Design in this way.”

Q: “Is Design an element of industrial policy?”

“If Design constraints imply an ethic, and if industrial policy includes ethical principles, then yes—design is an element in an industrial policy.”

Q: “Does the creation of Design admit constraint?”

“Design depends largely on constraints.”

Q: “What constraints?”

“The sum of all constraints. Here is one of the few effective keys to the Design problem: the ability of the Designer to recognize as many of the constraints as possible; his willingness and enthusiasm for working within these constraints. Constraints of price, of size, of strength, of balance, of surface, of time, and so forth. Each problem has its own peculiar list.”

Q: “Does Design obey laws?”

“Aren’t constraints enough?”

Q: “Are there tendencies and schools in Design?”

“Yes, but these are more a measure of human limitations than of ideals.”

Q: “Is Design ephemeral?”

“Some needs are ephemeral. Most designs are ephemeral.”

Q: “Ought Design to tend towards the ephemeral or towards permanence?”

“Those needs and Designs that have a more universal quality tend toward relative permanence.”

Q: “How would you define yourself with respect to a decorator? an interior architect? a stylist?”

“I wouldn’t.”

Q: “To whom does Design address itself: to the greatest number? to the specialists or the enlightened amateur? to a priviledged social class?”

“Design addresses itself to the need.”

Q: “After having answered all these questions, do you feel you have been able to practice the profession of ‘Design’ under satisfactory conditions, or even optimum conditions?”

“Yes.”

Q: “Have you been forced to accept compromises?”

“I don’t remember ever being forced to accept compromises, but I have willingly accepted constraints.”

Q: “What do you feel is the primary condition for the practice of Design and for its propagation?”

“A recognition of need.”

Q: “What is the future of Design?”

Throughout the film the questions are posed in white on black titles. Through the answers, photos are shown of the Eames’s work. With this last question, on the “future of Design,” photos are shown of fruit, flowers, and nature.


You can purchase the full set of The Films of Charles and Ray Eames on Amazon. There are some really fantastic, clever short films in there. Look out for “Powers of Ten” and the brilliant, animated “Mathematics Peep Show.”"

The solar machine

ano: 1957
tema: "the do-nothing-machine was made as a design project for the alcoa "forecast" design program in which america's top designers were asked to design something special to be made of alumium. The eames office offered this colorful device, made for fun and education and powered by the sun...."

Muito antes de se falar em energias renováveis e práticas de ecologia, já o casal Eames, propunha, embora num âmbito algo distinto (um concurso para uma peça em alumínio, o que em si ao nível do material aluminío, pode adquirir um valor pouco ecológico), uma proposta de cariz fortemente conceptual, mas ao mesmo tempo que explorava a energia solar.
Esta proposta revela o espírito dos Eames: inconformado e irreverente, investigativo e desafiante das normas, lúdico e sempre dinâmico.
Esta peça é das primeiras experiências efetivas, de transformação da enegia solar em energia elétrica. E não só explora os limites da ciência (não esquecer o seu pioneirismo), como em os da imaginação - dirigindo a prática interrogativa e de resolução de problemas do design, não só a novos âmbitos, como a criar soluções para problemas que aparentemente ainda não tinham sido colocados.
A frescura visual que lhe é aplicada, dinamizando a peça com elementos e partes de forte e variado valor gráfico (elementos móveis), torna-a apelativa e aparentemente complexa. No entanto esta complexidade explora um sentido de unidade que integra uma linguagem única e lúdica.